As Controvérsias da Terminologia da Fásca
A controvérsia persiste entre os pesquisadores sobre uma definição universalmente aceita de “fáscia”. Não obstante a ambiguidade prevalente no discurso científico, predomina um consenso nos textos médicos de que a fáscia envolve todas as estruturas corpóreas, estabelecendo uma continuidade estrutural essencial para a morfologia e funcionalidade de tecidos e órgãos. O tecido fascial, caracterizado por sua ubiquidade no organismo, desempenha um papel crucial ao circundar, interpenetrar, sustentar e constituir a base para o sistema circulatório, os tecidos ósseos, meníngeos, os órgãos internos e os músculos esqueléticos. Esta matriz cria camadas interligadas de variadas profundidades, desde a pele até o periósteo, formando assim uma estrutura mecanometabólica tridimensional.
A Influência da Fáscia na Saúde do Indivíduo
Diversos agrupamentos de acadêmicos esforçaram-se por elucidar a natureza da fáscia. O Comitê Federativo de Terminologia Anatômica (FCAT), estabelecido em 1989 sob os auspícios da Assembleia Geral da Federação Internacional de Associações de Anatomistas (IFAA), delineou as noções de “fáscia superficialis” e “fáscia profunda”. Define-se a fáscia superficial como uma camada subcutânea de tecido conjuntivo de menor densidade, situada acima de uma camada de fáscia profunda mais compacta. Por sua vez, a fáscia profunda é identificada como uma estrutura subjacente à fáscia superficial, distinguindo-se pela sua densidade. Em 2011, o Programa Federativo Internacional de Terminologias Anatômicas (FIPAT), em consonância com o FCAT, propôs que a fáscia seja entendida como uma bainha ou uma agregação dissecável de tecido conjuntivo situada abaixo da epiderme, destinada à ancoragem, envolvimento e segregação de músculos e outros órgãos internos. A nomenclatura anatômica internacional serve de base para esta definição, destacando o papel do tecido conjuntivo na estruturação corporal.
O terceiro conjunto de investigadores, constituinte do Fascia Nomenclature Committee (2014), emergiu sob a égide da Fascia Research Society, fundada em 2007. Este comitê ofereceu uma definição ampliada de fáscia como um continuum tridimensional de tecido mole, englobando tanto o colágeno quanto variantes de tecido conjuntivo fibroso, sejam eles densos ou frouxos, permeando o organismo inteiro. Inclui-se nesta definição uma gama de componentes como tecido adiposo, adventícia, bainhas neurovasculares, aponeuroses, fáscias (tanto superficiais quanto profundas), e demais elementos estruturais, enunciando a fáscia como um sistema que interliga e encapsula órgãos, músculos, ossos e fibras nervosas, facilitando assim uma funcionalidade corpórea integrada.
As elaborações teóricas providas por essas definições científicas facultam aos profissionais da saúde inferências sobre a natureza da fáscia, englobando quaisquer estruturas que incorporem colágeno/tecido conjuntivo ou derivem deste. Tecidos considerados como “tecido conjuntivo especializado”, oriundos do mesoderma, são integrados ao sistema fascial, abarcando sangue, ossos, cartilagem, tecido adiposo, tecido hematopoiético e tecido linfático, evidenciando a inexistência de descontinuidade no sistema fascial, que apresenta camadas de características e propriedades distintas.
A FORCE (Foundation of Osteopathic Research and Clinical Endorsement), fundada em 2013, introduziu perspectivas novas sobre a fáscia, propondo-a como um tecido responsivo a estímulos mecânicos, sublinhando o continuum fascial como um produto da evolução da interação entre tecidos diversos, líquidos e sólidos, que juntos sustentam,
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