SEM FIBROSE NÃO HAVERIA CELULITE
A fibrose representa um dos sete fatores cruciais no desenvolvimento da celulite, acompanhada por acúmulo de adiposidade, retenção hídrica, laxidade cutânea, inflamação, dano oxidativo por radicais livres e processos de glicação avançada.
No contexto da celulite, a fibrose é caracterizada pelo acúmulo excessivo e pela contração do colágeno nos ligamentos hipodérmicos, que desempenham o papel de ancorar a derme à fáscia subjacente. Estes ligamentos, também referidos por variadas terminologias como retináculos cutâneos, septos fibrosos ou bandas de colágeno, localizam-se predominantemente na camada hipodérmica da pele.
A contração e a espessura aumentada destes feixes de colágeno conduzem a uma tração descendente da pele pelos retináculos, contrastando com o impulso ascendente fornecido pela gordura adjacente, culminando na aparência característica da celulite.
Contudo, o uso do termo “septos fibrosos” é amplamente considerado impreciso. Estudos recentes contradizem a presença de septos completos na celulite, ou seja, divisões integrais segregando compartimentos adiposos. Em vez disso, são identificados ligamentos cutâneos que ligam a derme à fáscia abaixo. Esta distinção é crucial, visto que o conceito de septos fibrosos é baseado em interpretações errôneas acerca da anatomia da celulite, um equívoco corrigido por evidências obtidas por ultrassonografia, ressonância magnética e microfotografia, há mais de uma década.
A analogia com o estofamento de um sofá de couro ilustra eficazmente a dinâmica da fibrose na celulite, onde a pele, os retináculos e a gordura subcutânea correspondem, respectivamente, ao couro, aos botões de fixação e à espuma. Esta metáfora evidencia a contribuição da fibrose para a aparência estética desfavorável da celulite.
A celulite, portanto, não deve ser simplificada como uma condição isolada do tecido conjuntivo, adiposidade excessiva ou meramente um acúmulo de líquido intersticial. É, na verdade, uma condição estética complexa que demanda uma abordagem multifacetada para o seu manejo eficaz.
A fibrose na celulite, particularmente na forma fibrosa ou “celulite dura”, é frequentemente mais desafiadora no tratamento devido à resistência estrutural aumentada do tecido conjuntivo. A causa subjacente da fibrose decorre da tensão crônica nos retináculos, exacerbada por um estado inflamatório crônico e baixo grau associado à celulite, resultando em retináculos mais curtos e espessados.
A redução da fibrose na celulite implica em um enfoque combinado que inclui tratamentos direcionados e modificações no estilo de vida, como alimentação balanceada e exercício físico. Tratamentos como cavitação ultrassônica e massagens específicas para celulite, junto ao uso tópico de agentes antifibróticos como triterpenos de Centella asiatica, curcumina e EGCG, são recomendados.
A redução da adiposidade subcutânea é essencial, visto que constitui a principal causa da celulite. Este objetivo é alcançável através de métodos como alimentação adequada, exercício físico, tecnologias de radiofrequência de alta potência e cavitação ultrassônica.
Contudo, focar exclusivamente na fibrose sem atender à redução da adiposidade subcutânea ou comprometer a integridade dos retináculos pode ser contraproducente, podendo resultar em pele com aspecto mais flácido e gelatinoso. Portanto, uma abordagem holística que prioriza tanto a redução da fibrose quanto da adiposidade é essencial para obter resultados estéticos satisfatórios na gestão da celulite.
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