Entendendo a Complexidade da Fáscia Toracolombar: Sustentação e Estabilidade na Região Lombopélvica
A região lombossacral é fundamental para a manutenção da estabilidade postural do corpo. Crisco e colaboradores (1992) destacaram que, isoladamente, a coluna lombar não possui a capacidade de suportar as cargas diárias impostas a ela. A estabilização das vértebras lombares sobre a base sacral demanda a intervenção de uma intrincada cintura composta por elementos miofasciais e aponeuróticos que circundam o tronco. Conforme apontado por Bergmark (1989), Cholewicki e colaboradores (1997), e Willard (2007), esta assistência é crucial para a sustentação da estrutura vertebral.
A fáscia toracolombar (TLF), situada na parte posterior do corpo, representa o núcleo dessa estrutura anelar. Segundo Singer (1935), Romanes (1981), Clemente (1985), Vleeming e Willard (2010), e Schuenke e colaboradores (2012), a TLF é uma combinação de camadas aponeuróticas e fasciais que estabelece um retináculo ao redor dos músculos paraespinhais na região lombar e sacral. Este complexo fascial e aponeurótico, contínuo com a fáscia paraespinhal nas regiões torácica e cervical, eventualmente se funde à base do crânio. Uma diversidade de músculos do tronco e das extremidades, com variações significativas em espessura e geometria, inserem-se nesta matriz de tecido conjuntivo da TLF, o que pode influenciar a modulação da tensão e rigidez desta estrutura, conforme identificado por Bogduk e Macintosh (1984), Vleeming e colaboradores (1995), Barker e Briggs (1999), Vleeming e Willard (2010), Crommert e outros (2011), e Schuenke e outros (2012).
Este trabalho visa elucidar a interação entre os tecidos conjuntivos passivos e as estruturas musculares ativas na região lombopélvica, destacando a importância dessas interações para a compreensão da dor lombar e pélvica. As forças musculares são transmitidas ao esqueleto circundante por meio de matrizes de tecido conjuntivo endo e epimisial, ligamentos, tendões e aponeuroses, criando momentos e forças de reação que contribuem para o equilíbrio na coluna lombar e articulações sacroilíacas. Essas estruturas passivas também desempenham um papel sensorial, integrando um componente de controle de feedback ao sistema, conforme explorado por Solomonow (2010) e Vleeming & Willard (2010).
O TLF é vital para a cintura miofascial que envolve a parte inferior do tronco, atuando significativamente na postura, transferência de carga e respiração. Essa visão é apoiada pelos estudos de Bogduk & Macintosh (1984), Mier et al. (1985), Tesh et al. (1987), De Troyer e outros (1990), Vleeming e outros (1995), Hodges (1999), Barker e outros (2004), e Gatton e outros (2010). Tradicionalmente conhecido como TLF, esse arranjo é na verdade uma estrutura complexa de camadas fasciais e lâminas aponeuróticas, como descrito por Benetazzo et al. (2011). As diversas camadas dessa densa estrutura de tecido conjuntivo formam um composto funcional entre as espinhas ilíacas póstero-superiores e se estendem para alcançar as tuberosidades isquiáticas, contribuindo para a formação do compósito toracolombar (TLC).
A presente análise propõe revisar e avaliar as novas e existentes informações sobre a organização e composição fascial da TLF, promovendo uma compreensão geométrica desta estrutura tridimensional. Esta avaliação considerará os avanços recentes na compreensão da organização celular da fáscia e sua inervação. Utilizando o conceito de TLC, propõe-se uma reavaliação dos modelos de estabilidade lombopélvica, tanto em posturas estáticas quanto em movimento, integrando assim as complexas interações entre as diversas estruturas envolvidas na sustentação da região lombossacral.
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