Adaptações Fisiológicas e Recomendações de Fisioterapia durante a Gravidez

Durante a gravidez, o corpo da mulher sofre diversas alterações musculoesqueléticas e cardiovasculares significativas em resposta ao aumento de hormônios como relaxina, progesterona e estrogênio. Esses hormônios induzem mudanças no tecido conjuntivo, aumentando a frouxidão dos ligamentos pélvicos, o que é crucial para facilitar o parto. Tal amolecimento dos ligamentos tem um efeito global, afetando não apenas a pelve, mas também levando ao aumento do diâmetro torácico. O crescimento uterino e o aumento do peso contribuem para uma alteração no centro de gravidade, potencializando o risco de desequilíbrio e alterando a postura, como o aumento da lordose lombar. Essas mudanças estruturais podem levar a um encurtamento do ligamento iliolombar e do psoas, assim como a fraqueza muscular em áreas como os glúteos e isquiotibiais. Além disso, o aumento nos níveis de fluidos corporais pode provocar edema e potencialmente causar compressão nervosa.

No aspecto cardiovascular, a gravidez traz um aumento substancial no volume de água corporal total, entre 6,5 a 8,5 litros, com uma expansão significativa do volume plasmático em 40% a 50% em comparação com mulheres não gestantes. Este aumento é mais acentuado por volta das 32 semanas de gestação. Paralelamente, há um aumento na massa de glóbulos vermelhos, mas a diluição relativa do sangue pode resultar em anemia. O débito cardíaco também se eleva consideravelmente durante a gestação, com picos observados no segundo trimestre, acompanhado de um aumento na frequência cardíaca e uma diminuição na resistência vascular sistêmica. Apesar do aumento na disponibilidade de oxigênio, a gestante pode experimentar anemia fisiológica devido à maior proporção de plasma em relação aos glóbulos vermelhos.

Após o parto, a maioria dessas alterações tende a regredir aos níveis pré-gravidez, com o débito cardíaco e a frequência cardíaca normalizando dentro de algumas semanas. O volume sanguíneo, por sua vez, experimenta uma queda rápida nas primeiras horas e dias após o parto.

As alterações respiratórias incluem um aumento no volume corrente devido à maior demanda de oxigênio, enquanto a capacidade inspiratória, a capacidade vital e a frequência respiratória permanecem inalteradas. A capacidade do reservatório expiratório e a capacidade funcional residual diminuem, sendo compensadas por uma maior excursão diafragmática.

Durante a gravidez, certas técnicas e posições de fisioterapia são contraindicadas para evitar riscos à saúde da gestante e do feto. Isso inclui técnicas que pressionem o abdômen, a permanência prolongada na posição supina após o primeiro trimestre, posições que elevem as nádegas acima do peito, exercícios que sobrecarreguem o assoalho pélvico ou os músculos abdominais, além de movimentos vigorosos ou bruscos que possam comprometer a segurança da gestante.

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