Estruturas Musculares e Fasciais Relacionadas ao Movimento

As estruturas fasciais envolvidas no movimento se classificam primordialmente em duas categorias: a fáscia epimisial e a fáscia profunda. A primeira, a fáscia epimisial, consiste na camada que circunda e estrutura um músculo individualmente. Esta é composta pelo epimísio, que recobre o músculo externamente, pelo perimísio, que estrutura os fascículos musculares, e pelo endomísio, que circunda uma única fibra muscular. Do ponto de vista anatômico, as fáscias epimisiais não são passíveis de dissecção. Por outro lado, a fáscia profunda circunda conjuntos de músculos, facilitando a coordenação de movimentos à distância, além de ter a função de transmissão de força e otimização do uso de energia.

A origem embrionária dos diversos componentes do sistema de movimento é unificada, abrangendo desde cápsulas, ligamentos, tendões, até aponeuroses e retináculos, formando o que se denomina o sistema fascial do movimento. Com a exceção da região da face e do pescoço, toda a matriz de tecido conjuntivo, incluindo músculos, ossos e fáscias relacionadas ao movimento, provêm do mesoderma paraxial, especificamente do miótomo, elemento constituinte do somito.

Os miótomos se dividem em epímero e hipômero. O epímero origina-se das células mesodérmicas situadas na região dorsal do embrião, desenvolvendo-se através das dinâmicas metabólicas vinculadas ao crescimento do tubo neural. Dessa região, emergem tanto as fáscias quanto os músculos da região dorsal do tronco, que posteriormente se localizarão atrás dos processos transversos vertebrais, formando principalmente os músculos extensores do tronco e da cabeça, junto de suas bainhas fasciais. Músculos como os eretores da coluna, os intertransversários e os interespinhais, junto às suas fáscias, desenvolvem-se a partir do epímero.

Já o hipômero, localizado na porção mais ventral do somito, é formado por um conjunto de células mesodérmicas que evoluem em resposta à dinâmica metabólica associada à diminuição da cavidade celômica, impulsionada pelo desenvolvimento dos sistemas digestivo e respiratório. Essa região dá origem aos músculos e fáscias associados ao movimento da parte anterior do corpo, aos processos transversos vertebrais e aos membros. As três camadas da fáscia profunda do tronco e os músculos correspondentes derivam do hipômero, com a exceção dos músculos trapézio e esternocleidomastóideo.

No 24º dia de gestação, observa-se um espessamento das células ectodérmicas e mesodérmicas na área correspondente aos somitos oito, nove e dez do embrião. Este processo culmina no desenvolvimento de brotos que formarão a cintura escapular e os membros superiores, conforme o estágio 12 de Carnegie. Aproximadamente dois dias após, um fenômeno similar ocorre na região caudal do embrião, dando início à formação dos brotos que resultarão nos membros inferiores e na cintura pélvica, conforme o estágio 13 de Carnegie. Os músculos e fáscias dos membros se desenvolvem exclusivamente a partir do hipômero, levando à formação dos compartimentos extensores por um processo espiralado originado nesta região.