Uma Perspectiva Fascial sobre as Manifestações Clínicas
O tecido fascial constitui uma intrincada rede de tecido conjuntivo que se estende por todo o organismo humano, formando uma continuidade tridimensional que vai da cabeça aos pés (Schleip et al., 2012). Caracteriza-se pela sua elevada capacidade de resposta, e distúrbios neste tecido têm sido ligados a uma extensa variedade de condições patológicas (Bordoni & Zanier, 2015). No presente trabalho, exploraremos diversas condições clínicas que têm implicações fasciais significativas, enfocando como intervenções terapêuticas direcionadas à fáscia, particularmente através do estiramento cíclico fascial, podem desempenhar um papel crucial na reabilitação e mitigação da dor.
Capsulite Adesiva (Ombro Congelado): Essa patologia é marcada por uma dor persistente e restrição de movimento no ombro. A designação “ombro congelado” advém da natureza adesiva da cápsula articular do ombro. Pesquisas indicam que a inflamação e fibrose da cápsula articular, juntamente com alterações na fáscia adjacente, são fatores contribuintes para esta condição (Neviaser, 2011).
Cetalgia: Manifestando-se por dor no quadril, a cetalgia tem, na literatura científica atual, sido associada a disfunções na fascia lombar e glútea. Tais disfunções podem afetar as linhas de força e mobilidade articular, contribuindo para a condição (Patti et al., 2015).
Lombalgia: A prevalência da dor lombar é alta, com várias possíveis etiologias. Estudos recentes apontam que alterações na fascia toracolombar podem estar relacionadas à dor lombar, sugerindo um papel significativo desta na patologia (Willard et al., 2012).
Dor Torácica: Essa condição multifatorial pode estar ligada a diversas condições médicas, inclusive disfunções fasciais. Distúrbios na fascia torácica podem simular a dor torácica de origem cardíaca, representando um desafio diagnóstico (Liptan, 2010).
Pontos Gatilho Miofasciais: São pontos sensíveis no músculo que provocam dor referida. A presença destes pontos é indicativa de disfunção fascial, com a dor e disfunção muscular associadas sendo parcialmente atribuídas a alterações nas propriedades biomecânicas e neurofisiológicas da fáscia envolvente (Shah & Gilliams, 2008).
Reabilitação Neurológica: Condições neurológicas podem impactar negativamente a estrutura e função fascial. Pacientes pós-acidente vascular cerebral, por exemplo, podem apresentar rigidez fascial, contribuindo para restrições de movimento e funcionalidade (Stecco et al., 2014).
Ao longo deste estudo, cada condição será examinada sob uma ótica fascial, com ênfase particular no papel do estiramento cíclico da fáscia como uma estratégia para melhorar a funcionalidade, aliviar a dor e promover a reabilitação.
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